REFÚGIO
Vivemos, envelhecemos, adoecemos
a qualquer tempo,
a qualquer momento tudo muda.
Nada temos, a não ser a ilusão de termos.
O amor nada mais é do que a inconsciência
de que nada nos pertence.
O amor no desamor se esgota.
Resiste o tempo de ao outro conhecermos,
de nos mostrarmos tal qual somos.
Dizer "eu te amo" e não demonstrar com ações,
honestidade de propósitos,
o amor corrói, o fim apressa.
A imaginação nos trai.
Os pensamentos conspiram. Nada nos satisfaz.
Até perdemos aquilo que não nos bastava : tudo.
Como Fausto,
vendemos a alma ao diabo para saber.
Vendi a minha à troco de nada.
Onde me encontro é onde não queria estar.
Vida vulgar, vida sem nexo,
sem ter para onde ir, para onde fugir.
Quero voltar mas não tenho para onde voltar.
Todas as portas se fecharam.
A impossibilidade de um novo existir me subjuga.
Não me concebo mais amando.
Ferido, acuado, vejo o tempo passar
como o caçador espera a caça - a morte.
A morte, o caçador.
Eu, a caça.
Haverá refúgio para mim ?
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