sábado, 9 de março de 2019


                      
                      REGRA CAPITAL







Creio piamente que as pessoas do bem são a grande maioria no planeta. O problema é que isso nem sempre basta. Ser do bem, ter boas intenções, seguir as leis, essas coisas, muitas vezes não bastam para satisfazer as pessoas, fazê-las feliz, seja nas relações sociais, como no próprio casamento. Simplesmente porque o conceito do que é correto, justo, adequado, difere de pessoa para pessoa. Depende da formação individual, dos valores que cada um herda e carrega pela vida afora.

É preciso entender, o que não é nada fácil, que mesmo dentro de um círculo virtuoso os conflitos são inevitáveis, pois os padrões comportamentais variam de acordo com a percepção e o entendimento de cada um. Virtudes que para alguns são básicas e fundamentais, para outros não. O fato é que quanto maior a flexibilidade, ou seja, a capacidade de lidar com os sentimentos seus e alheios, melhor nos saímos na difícil arte da convivência humana. Pedra angular da chamada inteligência emocional, em cujos fundamentos se baseia a mina de ouro do mercado da auto-ajuda.

Venho sofrido a vida inteira para me ajustar a essa regra capital, a qual só agora, depois de inúmeros malogros e tropeços, me parece clara e cristalina. Pois em que pese os desacertos, as trapalhadas e os próprios deslizes de comportamento, sempre me considerei uma pessoa de boa índole, justa, bem intencionada. O que nunca foi o bastante para me relacionar bem com as pessoas, seja em termos de entendimento e compreensão, como na parte material propriamente dita. Jogo de cintura nunca foi o meu forte.
Sempre foi muito difícil, e até revoltante, me deparar com a falta de reconhecimento, de consideração e respeito, para com meu esforço, minha dedicação, enfim, com tudo que fiz para cumprir com minhas obrigações e atender as expectativas das pessoas, sobretudo, de meus entes queridos. Não me conformava, não encontrava explicações para o quê sempre me pareceu uma enorme ingratidão, ou até mesmo algum tipo de desvio de caráter, até entender que a recíproca poderia ser verdadeira, ou seja, que eu poderia estar causando a mesma impressão, ainda que bem intencionado, gostando, amando e tudo o mais.
Tudo porque as boas intenções, o fato de gostar, amar, não nos dá o direito de exigir do outro as mesmas reações, a mesma intensidade no sentir. Primeiro, porque há uma individualidade a respeitar, cada um dá o que tem. Depois, há as prioridades, os valores, e as próprias limitações de cada um. Coisas que os impulsos e as paixões muitas vezes nos levam a atropelar, mas provisoriamente, pois ao longo do tempo a racionalidade tende a imperar. Racionalização cuja graduação, obviamente, varia de pessoa para pessoa, de momento para momento. 
As coisas mudam, as situações mudam, se não apreendermos a modular as expectativas e nos ajustarmos as circunstâncias e mudanças que o tempo produz, os atritos e insatisfações daí oriundos continuarão a ser inevitáveis. 
A ponto de muitas vezes por tudo à perder. 



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