sábado, 4 de maio de 2019


                 

                    de volta à realidade



Luminosa e límpida manhã,
convite irresistível para sair da toca,
esticar as pernas,
respirar, 
reconciliar-se com a vida,
com os prazeres simples e belos
que a Natureza proporciona.

Como essa luminosa e límpida manhã outonal
em que caminho pela inigualável orla santista,
quando ainda há pouco movimento,
mais pássaros do que gente,
bentivis, joões de barro, rolinhas,
uma infinidade de pombos voando pra lá e pra cá.
Na areia da praia alguns urubus se banqueteiam 
com o rescaldo da maré,
enquanto as máquinas não chegam 
para retirar o entulho que todo santo dia
se acumula na mesma areia 
em que nossas crianças brincam. Foda, né ?

Montanhas de lixo que o ser humano é pródigo
em produzir
e nem se dá ao trabalho de coletar.
Menos mal que a merda dos cachorros a maioria junta,
recolhendo em plásticos que depois
jogam nas lixeiras, e daí aos lixões, 
e dos lixões ao lençol freático, 
aos rios, aos mananciais de água,
melhor nem pensar mais nisso
para não estragar meu passeio, 
para não pensar em outros absurdos,
na incúria humana. 
Na mortandade dos peixes pela poluição do mar,
por exemplo. 
Esse mar que tudo de bom nos proporciona,
aos poucos envenenado, espécies ameaçadas de extinção,
sem falar na pesca predatória, abusiva, 
outro dia 
uma tartaruga rara apareceu morta aqui na praia,
com uma linha de pesca enrolada no pescoço. 
Sacanagem.
Nem os temíveis tubarões escapam da mortandade,
e com requintes de crueldade, 
capturados pela chinesada 
apenas por causa das barbatanas. 
Deviam cortar os colhões dessa gente e jogar aos porcos.
Aliás, os colhões e os próprios. 
Pronto, 
Fodeu, foi só deixar o pensamento voar
e azedou o dia.
De volta pra casa,
De volta à realidade.






   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                      o palhaço da Criação Justiça seja feita à espécie humana : não há nada mais tosco e degenerado no reino de Deus. Filho...