domingo, 19 de maio de 2019




                      morto, valho mais do que vivo





Inevitável não pensar na morte depois de uma certa idade. Quando, como será. Fico pensando no que me aguarda. Ataque cardíaco, derrame, câncer, tiro ? Mentiria se dissesse que não me preocupo, que não tenho medo de morrer. A gente pode até achar que está preparado mas não está, não. 
Tive um exemplo disso ainda recentemente, numa turbulência brava na viagem de avião que fiz à Porto Alegre. Só de imaginar aquele treco se espatifando no chão, a coragem some rapidinho. Engraçado é que em meio ao apavoramento geral, com direito à gritos e gemidos, meu filho Breno, na leveza de seus 12 anos, dormia tranquilamente a meu lado. 
Mas a vida é assim, pensamentos e preocupações em relação a morte são típicos da vida adulta. Quando as doenças aparecem, e a temida velhice leva tudo de roldão, não há como não pensar no fim que nos aguarda. Como vai ser,  se sofrido, em que circunstâncias, se vamos estar amparados ou não. 
Preocupação normal, mas não há como saber. Tudo na vida é muito relativo, sujeito à mudanças repentinas, boas e ruins. Mais ruins do que boas, infelizmente.
O temor da morte está associado a velhice, a solidão. E nada pode ser mais triste e deprimente do que o desamparo e o abandono nessa fase terminal da vida.  Infelizmente, velhos largados em asilos e casas de repouso, ou mesmo vivendo isolados, abandonados pela família, é o que mais acontece hoje em dia. 
O drama costuma ser o lado financeiro. Como viver de aposentadoria é cada vez mais inviável, quem não tem renda ou trabalho corre o risco de virar indigente. As perspectivas continuam sombrias, com a bandidagem empenhada em manter o país nas trevas, de modo que nunca foi tão difícil ganhar o pão. Só quem precisa correr atrás para pagar as contas é que sabe.
São tantas obrigações e compromissos que nem ficar doente se se pode. Morto, vale-se mais do que vivo. Enquanto puder pagar o seguro de vida...  








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