terça-feira, 23 de julho de 2019




                  o afrodisíaco mais poderoso 








Há quem diga que o melhor afrodisíaco é a variedade. 
Os homens, naturalmente. Posto que para as mulheres a coisa funciona diferente. O erotismo ganha outro patamar. 
Se o homem reage ao estímulo visual, a mulher é muito mais sensorial, emocional. O que não impede que seja extremamente calculista, quando se trata de tirar proveito material. Até mesmo no quesito de fingir orgasmos elas levam considerável vantagem. A maioria finge, como se sabe. 

Não sou exatamente um especialista no assunto, até mesmo porque a rodagem das moçoilas de hoje em dia é de cair o queijo. Nada mais escandaliza, essa é a verdade. Dar passou a ser algo tão natural para a mulherada que, ou você aceita, encara os fatos, ou assume o papel de trouxa, acreditando ter tirado a sorte grande de encontrar uma donzela recatada, de repente até virgem, a outrora chamada moça de família. A verdade nua e crua é que menina bonita dificilmente chega a maioridade sem já ter passado na mão de muita gente, mesmo porque há sinais evidentes no próprio ato sexual que falam por si. Desde aspectos anatômicos ao domínio das técnicas.

Mas como ia dizendo, enquanto o homem reage basicamente ao estímulo visual, aos devaneios daí oriundos, o desejo sexual da mulher é bem mais variado e complexo. Não necessariamente exigente, mas peculiar. Primeiro, é claro, ela precisa se sentir desejada, e para isso usa de todo seu atributos e arsenal de sedução, tudo aquilo que a gente conhece, langeries sensuais, perfume, música, dança, etc, etc. Artifícios, truques, geralmente infalíveis. 
Não obstante, tratam-se apenas de detalhes, a entrega efetiva passa longe disso. Tudo bem que homem cheiroso, em forma, cuequinha da moda, sempre agrada, é um bom começo. Mas se calhar de ser suarento, barrigudo, careca, de cueca samba-canção, ela encara naturalmente também, desde que haja aquele estímulo particular e diferenciado ao qual cada uma dela$ reage. 
Uma infinidade, desde os triviais, do envolvimento amoroso, aos mais vulgares e insanos. Como por exemplo, as que tem tara por assassinos e psicopatas. As que não podem ver uma celebridade, tenha a aparência que tiver. Tem as que só gozam se apanhar, ouvir xingamentos, as que precisam de fetiches, e o tipo mais comum : as que trepam por grana, por recompensas materiais, segurança. E gozam pra valer, pois nada como unir o útil ao agradável.

Enfim, tudo isso me veio à cabeça em função da magistral série, A Casa de Papel, apresentada pela Netflix. Cujo brilhantismo do enredo está justamente na mescla da trama do roubo em si com a diversidade dos personagens. Cada qual com traços de personalidade bem definidos, e históricos de vida diferenciados e complexos. Delinquentes, contraventores, adoráveis bandidos que fazem dos roubos mais espetaculares da história um libelo contra a impostura e ditadura do Estado. 

E cujo elo mais forte em comum, é justamente o velho amor de guerra. Amores e traumas passados que se entrelaçam com os amores do presente, surgidos no ambiente e nas condições mais improváveis. Como o amor fulminante entre o grande mentor da coisa, o Professor, e a inspetora Raquel, encarregada de caçá-lo e acabar com a coisa. 
É o sutil jogo de sedução entre ambos o grande fio condutor da história, cujo desfecho só se deu no último capítulo da segunda temporada, e de maneira a sublimar a mensagem mais pungente do filme. Que a força do ainda está acima de tudo.

Como explicitado em dois momentos que se sobressaem e colocam todo o enredo de joelhos. Primeiro, quando ela, algemada, subjugada, definitivamente derrotada na tentativa de desbaratar o assalto, cedeu à paixão, ao amor reprimido pelo dever, e implorou que ele a libertasse. Que não o entregaria. Mediante a simples palavra. E ele acreditou, arriscando tudo o que havia tão brilhantemente planejado e executado.
Prova de amor ainda mais eloquente que o antiquado professor voltou a dar no quinto capítulo da terceira temporada, em que ao ver a mulher amada presa e prestes a ser executada à sangue-frio, por se recusar a revelar onde ele se escondia, impeliu-o a sair correndo de seu esconderijo e desembestar até o local para se entregar. O que acabou não ocorrendo, como convém a trama.
Lindo, sublime, mas será que na vida real coisas assim acontecem ? Haverá amor com essa intensidade, sem ser em ficção ?

Bom, amor eu não sei. Mas atração, desejo, esses precursores do amor, com certeza. Mediante aquele que talvez seja o afrodisíaco de efeito mais poderoso e prolongado. Aquele que levou um casal tão improvável a atrair-se : a inteligência.















  

  





   

















  

  


  











  








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