segunda-feira, 16 de setembro de 2019


                                                   
                             libertação







De tudo que me era mais caro, 
pouco ou quase nada restou.
Perdas, privações, ausências, 
da vida que partiu-se ao meio.  
E o que agora se impõe, 
diante da inexorabilidade das coisas,
é desapegar-me da inútil bagagem, de tudo que pesa
e para mais nada serve.

E assim, os mistérios e falsetas ignorar,
posto que indecifráveis, inevitáveis.
As pequenas conquistas valorizar, 
dentro do que hoje me é possível alcançar.
Os infortúnios e decepções aceitar 
como um preço à pagar. 
Sem lamentar, sem me abater, 
em sendo o infalível contraponto 
que a vida embute. 

Ser o que é possível ser, sem vínculos, expectativas.
Às crenças e sentimentos coercitivos abdicar.
Renunciar ao que não faz bem,
ao que não nos pertence.
No incognocível, conhecer-me.
No declínio, ascender a um novo patamar.   
No vazio, a plenitude achar.  
E sobretudo, a libertação de tudo que ficou para trás.
Para o futuro, sem futuro, de cabeça erguida enfrentar.





  
  







Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                                       não acredite                         quando digo                        que te amo Não acredite quand...