terça-feira, 3 de setembro de 2019




                 O CASTIGO


Não, não me dou o direito de ficar triste.
De ficar decepcionado, me atormentar com o velho
complexo de culpa. 
Não desta vez.
Primeira, porque já esperava.
O cenário estava desenhado, e não é de hoje.
A teia de aranha lentamente tecida.
Estrategicamente elaborada.
Não havia como escapar.
Sabia que um dia aconteceria.
Era preciso romper o último elo que nos unia.
Tomar para si a última coisa que restou de nossa
malfadada história.

Lutei com todas as armas que dispunha :
amor, amor, muito amor.
Não foi suficiente.
A desconstrução de minha imagem foi inegavelmente
eficiente.
Um crápula, na versão daquela que nenhum escrúpulo
mais conserva.
O que pode um menino de 12 anos fazer,
diante do maquiavélico labor de quem não hesita 
em matar o pai no coração de um filho ? 

Pois que assim seja, a partir de hoje 
para essas pessoas estou morto.
Seja feita a vossa vontade,
acaba aqui esse assunto.
Cada um que arque com as consequências
de seus atos.









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