segredos de Polichinelo
Nada é o que parece,
e o que é,
não é confiável.
Daí a denegação sistemática de uma realidade que nos oprime.
Ou não ? De repente, é exatamente o contrário.
Complicados somos nós. Nós é que não vemos
as coisas como realmente são.
Que na verdade, são o que não são.
Em conjecturas mil nos debruçamos.
Diante do aleatório, a mente consciente,
consciente de nada.
A vida ardendo a cada momento.
Na metafísica das pocilgas e charcos
em que nos embrenhamos, o depravado mundo
exige que o sacrifício seja lento e injusto.
No holograma da vida, o nexo, o sentido
e o pressentido, enrodilhados no tempo.
Cumpre viver o intenso momento.
Apartados do que passou, do que não existe mais.
Segredos de Polichinelo :
aperceber-se do lado bom nas coisas ruins.
Não obstante, eis que hoje me vejo compelido
a ser o que não sou.
Os grandes e nobres propósitos em nada me ajudaram.
Para nada se prestaram.
Ante a inutilidade de tudo que aprendi,
ascender à anódina indiferença.
Vencido, porém lúcido.
À conspurcada realidade aderir.
Graças a ti, desci ao fundo do poço.
Não era o que querias ?
Destruir todos os resquícios do amor,
degradando-o ?
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