sábado, 14 de setembro de 2019



                                     



                                            segredos de Polichinelo





               
Nada é o que parece,
e o que é, 
não é confiável. 
Daí a denegação sistemática de uma realidade que nos oprime.
Ou não  ?  De repente, é exatamente o contrário.
Complicados somos nós. Nós é que não vemos
as coisas como realmente são.
Que na verdade, são o que não são.

Em conjecturas mil nos debruçamos,
diante do aleatório, a mente consciente, 
consciente de nada. 
A vida ardendo a cada momento.
Na metafísica das pocilgas e charcos 
em que nos embrenhamos, o depravado mundo 
exige que o sacrifício
seja lento e injusto.

Equilibristas na corda bamba da existência,
entre a cruz e a espada nos esgueiramos.
No holograma da vida, o nexo, o sentido
e o pressentido, enrodilhados no tempo.
Cumpre viver o intenso momento.
Apartados do que passou, do que não existe mais. 
O que virá,
à Deus ou ao demônio pertence.


Sim, porque em todas as coisas, 
há um lado bom e um lado ruim.
Um lado bom e um lado ruim nas pessoas.
Que sorriem e sofrem,  
enquanto o tempo destruidor age.
O espírito torturado engendra mecanismos 
para tornar a vida suportável.
Abscôndita, a balança pendendo entre o vivido e o inventado.
Nas hospedarias da ilusão refugiada.

Segredos de Polichinelo : 
aperceber-se do lado bom nas coisas ruins. 
De quando os sentimentos deterioram,
as relações acabam, 
poder livrar-se da carga tóxica que agregam.
E depurada as coisas, 
superar os traumas e culpas, 
a vida torrencial nem à Fausto, nem à Mefisto consagrar.

Não obstante, eis que hoje me vejo compelido
a ser o que não sou. 
Os grandes e nobres propósitos em nada me ajudaram.
Para nada se prestaram.
O mundo é para quem não tem escrúpulos,
e não para quem acalenta sonhos impossíveis.
Ante a inutilidade de tudo que aprendi,
ascender à anódina indiferença.
Vencido, porém lúcido.
À conspurcada realidade aderir. 
Graças a ti, desci ao fundo do poço. 
Não era o que querias ?
Destruir todos os resquícios do amor,
degradando-o ?















  

















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