domingo, 27 de outubro de 2019



                               a sabedoria das crianças

(para meu filho, Breno)


É preciso ser humano para aprender
a colher da mesma árvore, amor e desengano.
De rompantes e loucuras ser íntimo.
Posto que o caminho da sabedoria 
é o descaminho.
Aprender às avessas, de trás para frente.
Apanhando, perdendo, caindo.
Pois o que está em jogo 
o é a verdade,
mas o indivisível nada
que corrói a existência.

Se já não estás na antiga morada,
se da antiga vida não resta mais do que 
laços desfeitos e despojos,
remova os cadáveres dos sonhos, irmão.
Persegue outra presa, animal.
Depõe a bagagem, abraça a imensa vida.
A delimitação prévia dos espaços, abdique.
Cada dia é um novo dia,
um renascimento.
Chega o momento de deixar de ser aprendiz,
expectador.

E nessa nova dimensão, 
na juventude ou na velhice,
dispense a palavra tosca.
Deixe, simplesmente,
que a sabedoria das crianças
resgate 
o que a vida suprimiu.







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