quarta-feira, 20 de novembro de 2019
a linguagem dos anjos
Ai de quem busca na poesia
desafogo, respostas,
sentido para as coisas.
Consolo
para os males do coração.
A menos que não se importe em enveredar
por caminhos ainda mais
tortuosos,
em versos que não só encantam,
mas confundem,
sangram,
humilham,
na medida que soberbos,
ininteligíveis,
intrincados, herméticos,
profanos, insanos.
Sim, pois ainda que admiráveis,
são obras de seres que vivem ou viveram,
em outra dimensão.
Mentes privilegiadas e não raro perturbadas,
criaturas obcecadas,
alcoólatras,
viciados,
loucos, pobretões,
alguns mofando em prisões,
outros entregues à libertinagem,
à militância política, ou
entediados burocratas,
e até mesmo um certo ajudante de
açougueiro,
cujos sublimes poemas, dizem,
é o que mais próximo chega à
linguagem dos anjos : Shakespeare.
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