quinta-feira, 9 de janeiro de 2020




           A mulher honesta



Oh, santa criatura !
Oh, alma sem defeitos !
Que desdita a minha, por já não tê-la 
a meu lado. 
Fiel, sincera, sublime musa,
de quem guardarei eterna lembrança,
espírito puro como o de uma pobre
e ingênua criança.

Mas eis que deste mau companheiro 
enfim te livras.
Livre para ser feliz com alguém à altura, 
numa moradia condizente.
Não o pardieiro que te coube em nosso
litigioso desenlace ( e o qual, generosamente, chamas de palacete.)
Vendo pelo lado bom,  
não irei mais perturbar tua merecida felicidade. 
Sem minha vil presença, tudo há de melhorar.
Terás o reconhecimento que mereces.
O prazer que já não sentia comigo.
Aleluia ! Certamente ainda há regalos a tua espera.

Nossa história aqui finda.
Como piedosamente me dissestes, 
tratarei de ser feliz no pouco tempo que me resta.
Para o juízo final estou preparado.
Galgando os últimos degraus do alcantil,
enquanto tudo aos poucos esvanece.

É tarde para lamentos e arrependimentos.
Como bem diz o diabo, digo, o ditado,
o lar e uma mulher honesta,
não há dinheiro que pague.











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