domingo, 19 de janeiro de 2020





                          a outra face




Entre os ensinamentos de Cristo, a parte mais difícil,  sem dúvida, é amar ao próximo como a si mesmo. Dar a outra face ao ser agredido. É preciso um esforço sobre-humano para seguir tais preceitos, e não nego que sempre estive muito longe disso, embora me solidarize com o sofrimento alheio e não queira o mal de ninguém. 
Mas não me recrimino por isso, não por não ser uma exceção à regra - é mais fácil encontrar uma agulha no palheiro do que alguém assim -, mas porque somos desestimulados o tempo todo até mesmo a respeitar as pessoas. A maldade, a má fé, a desonestidade, a crueldade, sempre foram a marca registrada da humanidade, e a maior prova disso foi a própria trajetória de Cristo entre nós. Foi um cara que só fez o bem, pregou e praticou o amor nas piores condições possíveis, em meio à barbárie daqueles tempos, e mesmo assim foi morto impiedosamente do jeito que foi. 
É claro que ele não morreu em vão, que seu sacrifício foi o exemplo mais pungente de amor e grandeza que alguém poderia dar. Sendo filho de Deus ou não, o que chega a ser irrelevante, o fato é que sua mensagem ganhou e moldou o mundo, e mesmo sendo deturpada, indevidamente explorada, desde então trouxe um novo alento às pessoas, como fonte de inspiração e força para enfrentar a barra da vida.
Mas amar ao próximo como a si mesmo, dar a outra face... Trata-se de algo tão atípico ao gênero humano que a reação comum diante de boas ações, é a desconfiança. Quando alguém cala diante de um desaforo, passa por covarde. Não é à toa que tantos preferem o amor dos animais, que diferentemente dos humanos, são fiéis e agradecidos. 
É lógico que existem pessoas boas, que praticam o bem, são gratas, dignas, talvez até em maioria, desde que não lhe pisem nos calos. Quero crer que eu seja uma delas. Nunca fiz mal à ninguém deliberadamente, sempre me pautei pelo bem, meus pecados sempre estiveram relacionados ao instinto. A impulsividade. A falta de auto-controle, desiquilíbrio emocional. Aos prazeres da carne. Tenho noção que ser assim sempre afetou drasticamente minha vida, mas nunca consegui mudar e provavelmente morrerei assim. Com uma bala na cabeça, se for o caso.

Mas há algo que me redimi, tenho certeza, e minhas ações estão aí para corroborar. Nada demais. Nada incomum. Apenas e tão somente, ter o coração no leme. Ser correto, procurar fazer o certo. O que num caso específico, tem me colocado à prova nesses dois últimos anos. Que quem me acompanha, sabe do que se trata. E dispensa maiores comentários. 

Não nego, tem sido um desafio hercúleo manter o senso de justiça e a serenidade para não perder as estribeiras diante da maledicência e ofensas que tenho recebido. Da total falta de reconhecimento. 
O que de certa forma equivale a levar, não um tapa, mas um soco
na cara.

Pois é. Somos todos capazes de dar a cara à tapa, sim. Por amor. 
O amor incondicional a meu filho está acima dessa merda toda.































   



  







  

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