quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
(con)sentimentos
Quantas coisas acontecem sem a gente querer,
e parecem não fazer sentido,
às vezes injustas, falta de sorte.
Quase sempre, porém, não mais
do que a somatória de nossos atos.
Pois como bem disse Ghandi,
não conseguir o que se quer,
às vezes é a maior sorte !
Sempre é tempo de viver.
O tempo irreversível nos excede.
Como usa-lo, é a questão.
Quase sempre nos sentimos pequenos
à espera de acontecimentos maiores.
A oferenda que sacia a fome
é desproporcional a gula.
Em estiolado esforço, quase tudo
o que queremos nos é negado.
Virtudes nos faltam, algo
sempre nos pesa.
Um dia descobrimos que nem era dor
aquilo que doía.
À força de ver, o que não é duradouro
deixa de ser nobre.
Quando tudo se transforma em terra arrasada,
dir-se-ia que os melhores dias
foram perdidos,
em troca das coisas mais ordinárias e humanas.
Mas também excepcionais.
Em face da liberdade roubada ao tempo,
desfrutar de todos os (con)sentimentos,
viajando através da carne.
Calar e escutar.
Cegos, autônomos, escravos.
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