sábado, 28 de março de 2020



                        pandemia (o barco da discórdia)







Veio para revolver a consciência,
desafiar a ciência, 
instaurar o pânico, 
mediante a constatação da precariedade
de todo sistema,
das liturgias, das prioridades, 
das políticas, 
na revelação frontal de que tudo
é mais frágil do que pensamos.
As nações, as instituições, à mercê
de uma guerra silenciosa, 
de um inimigo invisível, 
indefinível.
Nosso modo de ser e ver reduzidos
ao forçoso claustro, à libações
desencontradas, apelos, histeria,
o caos à espreita,
o dilema entre salvar vidas ou
minimizar as perdas futuras,
o espectro da debacle total rondando.
Quem está certo, que está errado ?

Nesse confuso amanhecer, a vida reinventada
divide as pessoas.
Ricos, pobres, trabalhadores, serviçais,
todos no mesmo barco da discórdia,
não se ajustam, 
autoridades se digladiam 
sobre como enfrentar o insidioso inimigo,
Incapazes de definir a melhor estratégia,
enquanto se aguarda pelo pior.
A temida guerra global chegou por outros
meios,
cadáveres se amontoam sem o disparar 
de um tiro sequer.
Mísseis, bombas, armamentos capazes 
de destruir o planeta mil vezes,
absolutamente inúteis, 
ridiculamente inoperantes,
desmoralizados por um ser microscópico,
oriundo sabe-se lá de onde,
possivelmente da incúria humana
em sua forma mais primitiva.

São Paulo aos Conríntios :
ao soar a última trombeta,
o fim dos tempos advirá.
Talvez não agora.
Talvez não amanhã.
Mas os sinais nunca foram tão claros.

































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