segunda-feira, 6 de abril de 2020

             

                                                                obsolescência




                           
A gente está sempre se enganando.
Acreditando em quem não deve.
À espera do improvável.
Do quê nunca acontece.
E isso vai nos matando aos poucos.
Pessoas, situações, cada decepção deixa marcas.
E a descrença cria raízes, passamos a duvidar 
de tudo e de todos.

A arte de viver se dispersa em dores punitivas 
e fadigas.
A vida que me foi dada, aos poucos solapada.
O jogo divertido e as lutas sofreadas enroscados 
no roteiro de equívocos que se abraçam. 
Que tudo abarcam,  à míngua de qualquer razão 
para continuar acreditando.

No entanto, a crença irrefletida permanece.
E na trama que destrama, que ressurge, 
e pune, a vida, o amor,
rebaixados à condição de mera utilidade.
Na desordem que se espraia, 
a obsolescência silente e melancólica jaz,
compassiva, permissiva, letal.
Deus me livre de ter esperança.











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