cadáver insepulto
Nada mais pode ferir-me.
Nem as velhas coisas estimadas, enfim exorcizadas.
Coisas esquecidas que durarão para sempre,
estranhamente eternizadas.
Mas agora, submissas como tácitos escravos.
Paira sobre mim a aura do irredimível passado,
que resiste em sonhos persevagantes,
que se perdem na vertigem do tempo.
Estou pronto para o que der e vier.
Não temo a solidão, pois há muito já estou só.
Não temo o sofrimento, o esquecimento,
posto que purificam.
Não temo o que virá, o que provavelmente
não entenderei.
Deixei de sonhar-me.
O destino irrevogável encena a trama que se esgota.
Em que o amor jaz como um cadáver insepulto.
Que já não cheira nem fede.
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