enganos
Quisera ter olhos para ver
além da dúvida e do diálogo.
Ver além daquilo que vejo e não vejo.
No ensejo da felicidade que não tive,
e que agora sonho que tive.
Naquilo que flui em curso misterioso.
À guisa de lembranças triviais e sagradas
que à realidade devastada se sobrepõe.
Minha cegueira é cárcere e nostalgia
que se eludem, na espera inútil
daquilo que não tive, e nem terei.
Ah, os enganos.
Feitos de ecos, sonhos, coisas secretas
que meus olhos não veem.
Talvez, por preferir o engano
de me deixar enganar
que quem mais amo,
desse amor não é digno.
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