o toma-lá-dá-cá escroto da vida
As ausências preenchem o vazio em
que me sustento.
Feito de resignação e resiliência.
O que perdi é minha maior riqueza : não depender,
não precisar de ninguém além de mim mesmo.
O pouco que tenho, é o que eu tenho.
O quê o dinheiro pode comprar,
no toma-lá-dá-cá escroto da vida :
pequenos prazeres que valem mais que
as migalhas de afeto
a que só fiz jus
enquanto fui útil.
Do interesse daqueles que debandaram
como se não me conhecessem.
Implacáveis,
infalíveis,
como esse Deus
que criou o universo
o diabo,
e depois jogou um foda -se.
Meu instante agora é de supressão do mundo
paralítico de outrora,
em que apenas vegetava, cada vez mais distante
de ser eu mesmo, até desmoronar
diante dos engodos do amor.
O qual se imbricou além de mim, como uma flor
cuja haste se quebrou,
espalhando suas pétalas no jardim
em que um Eros sonolento tira meleca do nariz.
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