domingo, 13 de dezembro de 2020


                               o toma-lá-dá-cá escroto da vida





As ausências preenchem o vazio em

que me sustento.

Feito de resignação e resiliência.

O que perdi é minha maior riqueza : não depender, 

não precisar de ninguém além de mim mesmo.

O pouco que tenho, é o que eu tenho. 

O quê o dinheiro pode comprar,

no toma-lá-dá-cá escroto da vida : 

pequenos prazeres que valem mais que 

as migalhas de afeto 

a que só fiz jus 

enquanto fui útil.

Do interesse daqueles que debandaram

como se não me conhecessem. 

Implacáveis,

infalíveis,

como esse Deus 

que criou o universo

o diabo,

e depois jogou um foda -se.


Meu instante agora é de supressão do mundo

paralítico de outrora, 

em que apenas vegetava, cada vez mais distante 

de ser eu mesmo, até desmoronar 

diante dos engodos do amor.

O qual se imbricou além de mim, como uma flor

cuja haste se quebrou, 

espalhando suas pétalas no jardim 

em que um Eros sonolento tira meleca do nariz.
















 

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