quinta-feira, 10 de dezembro de 2020



                       o triste jugo de ser alguém





Mais do que o afeto,

mais do que o próprio amor,

o homem anseia por respeito.

Como trabalhador.

Como provedor.

Cumpridor de seus deveres.

Como pessoa de bem.

Eventualmente sujeito à falhas, tropeços, quedas,

como qualquer ser humano.

Porém, nem por isso indigno de receber 

o que lhe é devido.


Na pública luz das batalhas anônimas,

nossos atos prosseguem seu caminho sem fim.

Urdindo conquistas e tragédias.

Quando o corpo se cansa de ser o homem que  foi,

o reconhecimento é a régua de sua obra.

Que lhe servirá de consolo ou agonia.

Que é quando os dias consagrados 

ao inútil labor de servir e agradar os outros,

enfim o livrarão  do triste jugo de ser alguém.





 



 


 


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