quarta-feira, 27 de janeiro de 2021



                                    velho cão





Anoitece. 

Olho por olho, o rictus sem fim 

do implacável tempo.

Outro dia sem viço.

Pueril e mercantil.

Em que "só me encontro quando de mim fujo."


Cada passo me leva à elisão da alma.

Já não creio nas mitologias do tempo.

O que ficou para trás

é o meu templo de oquidão.

Anfitrião da minha desdita, o indesejado tálamo 

da morte me espreita.

Me afaga, como a um velho cão 

que se deita para morrer.



 

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