sexta-feira, 14 de maio de 2021

 


                enganando o coração




Já joguei muita bola, empinei pipa, 

brinquei de pião,

jogo de botão.

Hoje, brinco de enganar o coração.

Já tive tudo na vida,

hoje nem pai nem mãe tenho mais. 

Minha cama é de pregos.  

Meus dias, de um prisioneiro. Todos os corredores

me conduzem ao patíbulo de meus erros.

Não há mais possibilidade de fuga. 

Sequer há para onde fugir.

Sem a mocidade que nos impele para o abismo,

tenho a mente crivada de dúvidas e incertezas.

Ainda bem.

Nada mais enganoso que as certezas.






 

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