sábado, 8 de maio de 2021


                       raça de titãs 

 




Foi-se a alegria, pesa-nos nos ombros

o fardo da velhice.

A vastidão do mundo tornou-se insuportável,

ainda que vivendo em confortável calabouço.

Nos corrói as lembranças que iluminam os caminhos

do aniquilamento.


Assim se extingue a última raça dos 

deserdados do mundo utilitarista.

Que, qual serpente, envenena a côdea

de nossas carcomidas certezas.

Tudo soa a trapaça e demência.

Os porteiros do inferno não dão conta

de tanta gente.


Envolto em bandagens, como múmias egípcias,

agonizamos em camas de prego,

em quartos cheirando a naftalina e clorofórmio.

Definha, mija nas calças a raça de titãs 

que sobreviveu

ao horror dos horrores,

guerras de extermínio, fornos crematórios,

genocídios, revoluções.

Para bancar a vida fútil e frívola das novas

gerações. 






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