provação
Sou um homem só numa tarde vazia.
Evocando, a um só tempo, epopeia e elegia.
Proibido de ver além da gasta memória.
Ferido pelos estilhaços do desejo e do medo.
Sou o que fui de muitas formas e mortes.
Denso rio de ignorância e soberba.
No fundo, vulnerável e frágil como os valentes
que ousam enfrentar a travessia
de mãos vazias.
À falta dela, amo a ausência que a faz
ainda mais bela.
Fiel à insana vocação humana de, em já não a tendo,
insistir em reaver o que está irremediavelmente perdido.
Missão na qual sucumbem os mais
destros e fortes.
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