sábado, 12 de junho de 2021



                      provação





Sou um homem só numa tarde vazia.

Evocando, a um só tempo, epopeia e elegia.

Proibido de ver além da gasta memória.

Ferido pelos estilhaços do desejo e do medo.

Sou o que fui de muitas formas e mortes.

Denso rio de ignorância e soberba.

No fundo, vulnerável e frágil como os valentes

que ousam enfrentar a travessia

de mãos vazias.


À falta dela, amo a ausência que a faz

ainda mais bela.

Fiel à insana vocação humana de, em já não a tendo, 

insistir em reaver o que está irremediavelmente perdido. 

Missão na qual sucumbem os mais 

destros e fortes.




 



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