quarta-feira, 22 de setembro de 2021




                         as razões do tarado






Sua presença, diria, avassaladora,

despertou em mim, a um só tempo,

os melhores e os piores instintos.

Quando entrou no elevador,

recém saída do banho - via-se pelos cabelos 

cacheados ainda molhados,

o bico dos seios quase furando a blusinha tipo

tomara-que-caia, 

bermuda e sandália daquelas de usar em casa,

o cheiro de sabonete de endoidecer,

e em que pese meu visível alvoroço,

meu coração disparar, 

e ela

sequer me olhar, 

reparar na minha presença,

mesmo sendo só eu e ela no maldito cubículo,

no qual não tirou os olhos do celular, 

foi aí 

que entendi 

as razões do tarado. 

 






  

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