domingo, 17 de outubro de 2021

                                 


                                 a procura


Para Itamir Frantz




À razão da luz que vara preguiçosamente a bruma,

alguém que se desconhece

olha pela janela em busca do que ser,

antes que os vermes o devorem. Conquanto já o devorem.


Já teve tudo o que poderia pretender,

mas, no entanto, nada o satisfaz.

E ao negar o tempo, contra o mundo vasto e desfeito,

ombreia-se à Natureza,

alheia a seus recorrentes e obsidiados dilemas. 


E assim, à vista de seu próprio elemento,

mortifica o velho corpo na ânsia de refrear o tempo.

Firmemente, vive como um zangão

que abdica da colmeia.

A procura, se não de descobrir-se,

ao menos do fim da escuridão.  






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