terça-feira, 5 de outubro de 2021



   

           quase não sou mais eu




                  

Quase não sou mais eu. A medida que o tempo 

avança feroz sobre mim,

o distanciamento se expande 

como matéria de conhecimento e expiação.

A solidão enlaça-me com a ternura de uma anaconda.

Vivo como um soldado que perdeu a batalha,

preso à memória do homem que fui um dia.

O amor que persiste em mim é a grade

de meu cárcere. 

Fonte de toda angústia e melancolia

que movem os teares de minha entressonhada

mortalha.

É tempo de sacrificar o cordeiro redentor,

fazer por merecer 

o mundo lavado de todas as infâmias.

Arrasto minha cruz comprada no cartão de crédito.









 

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