terça-feira, 23 de novembro de 2021



                      sem pressa





Para onde vão os mortos ? 

Para lugar algum, provavelmente.

Reencarnação ? Vida após a morte ? Tudo especulação.

Certo mesmo, é que ao pó voltaremos.

Já a alma, se é que exista, sem os prazeres da carne,

que espécie de Paraíso habita ?

Nada haverá de salvar-nos de cumprir 

o rito inapreensível.

A última morada é a do esquecimento que purifica.

O rosto que vejo no espelho não é o meu.

É das tantas máscaras que usei.

E que agora, para nada servem.

A grande aventura engendra auroras e crepúsculos

ensanguentados.

Não há um só dia que não possa ser o último.

Ou o primeiro.

Na cíclica trama de ferro e de cristal,

somos os que se vão.

Para onde ? Não tenho pressa em saber.







 

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