desejos e contatos
Há um ranço de adeus em conformidade com o momento.
Na nova casa irremediavelmente devoluta,
onde a velha mobília guarda indeléveis marcas
de um passado que finalmente achou seu lugar.
Tudo se foi num piscar de olhos.
Menos mal que onde havia o corte, e a dor,
cicatrizes humanizam os corações conflagrados.
Mas já não há como partilhar
desejos e contatos
sofreados sob o peso das novas condições.
Há um homem que anda na chuva e sente frio.
Há uma mulher que chora em seu quarto,
sem trinco nem chave.
Há lutas, cinzas, bandagens cobrindo corpos
que só querem seguir seu caminho.
Apartados do amor que não pode mais ser repartido.
Posto que desgarrado da existência que um dia
foi deles.
Porque finalmente as coisas são como sempre deveriam
ter sido.
Lavadas do rancor e do desespero.
Tristes, quando nem triste são.
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