domingo, 12 de dezembro de 2021


                          tarde ontológica 





 


Envolta em angustiante quietude,

a tarde ontológica

esconde desejos prementes,

desde sempre pendentes,

renitentemente ausentes. 


Nada muito urgente,

nem extravagante,

diria até pouco inteligente.

Apenas o grito pungente

de um ser carente, reagente,

dependente daquilo que a gente

mais finge que sente

do que sente.


Honestamente ?

Tudo pode esperar.

A verdade dos supremos desconsolos.

A espera que aclara os sofrimentos.

A repulsa moral.

A esperança que não tenho.

Tudo pode esperar.

Tudo e nada que compõe 

o pouco e o demasiado.

A falta e o excesso.


Ora, um poema não precisa ser um poema.

Apenas um ato-falho.

O halo.

O talo.

O hipotálamo.

Mais bucólico que 

um hipopótamo 

tomando sol

na tarde ontológica.










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