tarde ontológica
Envolta em angustiante quietude,
a tarde ontológica
esconde desejos prementes,
desde sempre pendentes,
renitentemente ausentes.
Nada muito urgente,
nem extravagante,
diria até pouco inteligente.
Apenas o grito pungente
de um ser carente, reagente,
dependente daquilo que a gente
mais finge que sente
do que sente.
Honestamente ?
Tudo pode esperar.
A verdade dos supremos desconsolos.
A espera que aclara os sofrimentos.
A repulsa moral.
A esperança que não tenho.
Tudo pode esperar.
Tudo e nada que compõe
o pouco e o demasiado.
A falta e o excesso.
Ora, um poema não precisa ser um poema.
Apenas um ato-falho.
O halo.
O talo.
O hipotálamo.
Mais bucólico que
um hipopótamo
tomando sol
na tarde ontológica.
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