quinta-feira, 6 de janeiro de 2022



              antagonismos





A Bíblia e suas dubiedades.

Israel e a eterna agonia do crucificado.

A memória e seus ecos de candentes gnomonias. 

As escolas literárias e seus engodos didáticos.

Whitman e seus catálogos vitalícios.

Os livros de ouro e as águas do Ganges.

Excalibur e o Santo Graal.

O rigor do jovem Schopenhauer e os labirintos borgeanos.

A miscelânea de Virgílio, Milton, Blake, e a rotina de escrever.

Os nefelibatas desvalidos e a dor de corno.

O saltimbanco e a vertigem do picadeiro.

O grito de horror e a epifania do juízo final.

Os poderes do mundo e o desespero da fome.

O silêncio das cordilheiras e o enigma interplanetário.

Os sóis de todos os verões e as vísceras dos incêndios.

Os olhos abertos e as bocas cheias de formigas.

A desagregação de cada dia e a morte à prestações.

A Inglaterra forjada pelos vikings e as brumas de Avalon. 

O perdurável sonho de justiça e o martelo de Nietzsche.

Os tesouros engolidos pela areia e os mitos corrompidos.

A trama obscura da Criação e o Deus de Spinoza.

O Deus que castiga e o demônio que perdoa.

Os corações espedaçados e o invisível fender do tempo.

O caminho divergente e o muro que ramifica.

À causa da poesia e a cauda do cometa...




 









 

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