o número mágico
Tantas conexões, vínculos, eventos,
e no fim das contas, o que sobrevive a voragem
do tempo ?
Afinal, qual o número mágico, quantos afetos
verdadeiramente sobrevivem à inescrutável jornada ?
Dê-se por feliz, amigo, se meia dúzia de corações
partidos
chorarem lágrimas de dor e de sangue
em seu velório.
Pois é fato que mal o corpo baixou à cova
e você já é passado.
Nem de levar flores à seu túmulo lembrarão.
Normal. É a vida.
Não faça drama nem se sinta melindrado.
Porque chega a ser hilário.
A começar pelo exagero das referências elogiosas
normalmente ditas ao pé do caixão,
em você sabendo o tanto que aprontou, traiu,
sacaneou.
Depois, porque quando você se for, tudo acabar,
os segredos serão o de menos.
No mundo dos espíritos todos podem se ver
como são, o que pensam, sentem,
provavelmente até o que aprontaram.
E nada fará diferença.
O mundo continuará girando da mesma forma.
Mundo em que a priori, ninguém é melhor do que
ninguém.
Desde o útero materno, tudo na vida é circunstancial.
Não faço ideia dos critérios vigentes, tal a
balbúrdia reinante.
Talvez nem Deus saiba.
Mas quem somos nós para julgar ?
Nossa punição não carece de juízo final ou
do fogo dos infernos. Aqui se faz, aqui se paga.
Tudo se resolve aqui.
Feliz de quem usufrui de seu quinhão
com a devida sabedoria.
Pois é só o que torna o tal número mágico
a medida certa de sua obra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário