segunda-feira, 7 de março de 2022





                        o Paraíso te espera, meu amor




Meu amor, meu amorzinho, não tenha medo. Deus falou comigo. Não me pergunte como isso foi possível, mas de repente tudo veio à minha mente tão claramente que só pode ter sido Ele.

Falou para você ficar tranquila, que a travessia pode parecer assustadora mas não há nada a temer. Pagou suas culpas com juros por aqui. Sobre o meu questionamento do por que de você partir tão cedo, com apenas 41 anos e tanta vontade de viver, ele disse que esse departamento está fora de sua alçada. Que todo mundo nasce com seu destino traçado, e só casos excepcionais são passíveis de revisão. 

Fiz força para aceitar a alegação, afinal, ele não é o todo-poderoso, que tudo sabe e tudo pode, conforme nos ensinaram ? Daí se vê a precariedade dessa crença incondicional, que nos serve muito mais de bengala do que outra coisa. Porque na prática, o que tiver que ser, será. Nem em crenças alternativas se pode acreditar cegamente, como a lei do retorno, ou a sedutora "justa lei máxima da natureza", na qual, confesso, depositei os resquícios de minha fé.  

Não me sobrou mais nada para acreditar. Nada além de em mim mesmo, na vocação inata que carrego dentro de mim para trilhar o caminho do bem. Algo que provavelmente temos em comum, porque você sempre foi do bem, como minha companheira, mãe, filha dedicada. E se chega tão precoce e injustamente ao fim de sua jornada terrena, por alguma razão maior há de ser. Cumpriu dignamente seu papel por aqui, o Paraíso te espera, meu amor.

Deus me garantiu.


Em memória de Fernanda Cristiane de Lima.





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