quarta-feira, 29 de junho de 2022



                                                     eu sou o que fui




Eu sou aquele que sobrevive em louvor 

a memória seletiva.

Perdido e resgatado em meio as impurezas do Hades.

Amante do corpo e do intelecto como um

presunçoso chevalier servant.


Eu sou o filho pródigo a espera do pai.

Atrás de algum resíduo de Deus num mundo

de lobos e cordeiros metafóricos. 

Em que a própria mentira é a única verdade.


Eu sou aquele que deixou o abismo ser 

meu melhor amigo.

O alfa e o ômega de uma liturgia de enganos.

Em busca do que ser para ter paz.


Eu sou o sonho de pedra, Orfeu em busca de Eurídice, 

o itinerarium mentis de amores inconclusos.

Eu sou o que fui, quando não era eu.





 

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