domingo, 3 de julho de 2022




                      ALMA AVENTUREIRA






Com amargura se perdem os prazeres das coisas terrestres.

É triste já não acalentar os antigos desejos e sonhos.

Desaprendidos os costumes que mal foram aprendidos.

É nesse morrer aos poucos que tudo se perde no vazio. 

A vida abandonada como um brinquedo quebrado.


A correnteza eterna leva tudo de roldão.

A qualquer tempo, em qualquer idade, retira-se de nós

o que nos pertence.

A condição de não-ser antecede toda despedida.

Amar o que não existiu, em um longo aprender,

eis o prêmio.

Engravidar a terra, fecundar as dores, eis o legado. 

Sem diásporas nem louvores, as cegueiras 

e ausências habituar-se.

Para que a alma aventureira nunca se perca,

como um marinheiro que sempre regressa.






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                                       não acredite                         quando digo                        que te amo Não acredite quand...