ALMA AVENTUREIRA
Com amargura se perdem os prazeres das coisas terrestres.
É triste já não acalentar os antigos desejos e sonhos.
Desaprendidos os costumes que mal foram aprendidos.
É nesse morrer aos poucos que tudo se perde no vazio.
A vida abandonada como um brinquedo quebrado.
A correnteza eterna leva tudo de roldão.
A qualquer tempo, em qualquer idade, retira-se de nós
o que nos pertence.
A condição de não-ser antecede toda despedida.
Amar o que não existiu, em um longo aprender,
eis o prêmio.
Engravidar a terra, fecundar as dores, eis o legado.
Sem diásporas nem louvores, as cegueiras
e ausências habituar-se.
Para que a alma aventureira nunca se perca,
como um marinheiro que sempre regressa.
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