o glorioso destino
de um mundo sem poesia
A fome, a miséria, carcaças apodrecendo a céu aberto
não rendem poesia.
Os hábitos, os vícios, os gostos modernos não rendem poesia.
Os eternos conflitos hegemônicos e étnico-religiosos,
não rendem poesia.
A nova escala de valores da pós-modernidade não rende poesia.
O recrudescimento de estupros, violência doméstica
e discriminações de toda espécie, não rendem poesia.
A crescente desigualdade social, a falácia político-religiosa,
a manipulação midiática, não rendem poesia.
O exibicionismo, a ostentação, as aberrações, os golpes,
as fraudes, em suma, as mazelas do mundo digital
não rendem poesia.
Grandes transformações abarcam e tangem a humanidade
para seu glorioso destino.
Em que a poesia não é mais necessária.
Nem o amor, à venda na Internet, como tudo que é descartável.
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