domingo, 21 de agosto de 2022



                  

      o glorioso destino 

      de um mundo sem poesia




tela de Salvador Dalli 




A fome, a miséria, carcaças apodrecendo a céu aberto

não rendem poesia.

Os hábitos, os vícios, os gostos modernos não rendem poesia.

Os eternos conflitos hegemônicos e étnico-religiosos, 

não rendem poesia.

A nova escala de valores da pós-modernidade não rende poesia.

O recrudescimento de estupros, violência doméstica 

e discriminações de toda espécie, não rendem poesia.

A crescente desigualdade social, a falácia político-religiosa,

a manipulação midiática, não rendem poesia.

O exibicionismo, a ostentação, as aberrações, os golpes,

as fraudes, em suma, as mazelas do mundo digital 

não rendem poesia.

Grandes transformações abarcam e tangem a humanidade 

para seu glorioso destino.

Em que a poesia não é mais necessária.

Nem o amor, à venda na Internet, como tudo que é descartável. 













   




 

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