domingo, 30 de outubro de 2022



                bela por fora, podre por dentro


 

Olhos vermelhos de peixe,

o rosto cansado denotado a vigília,

recheada de velhos muros

e florações desbotadas.


A vida enxertada de amores epilépticos 

queima o sol, afronta o vento.

A mão invisível do tempo bule a fronte 

impregnada de docilidades.

A ressaca do amor vomitando a infidelidade.


Não é sequer respeitável aquela 

a quem consagrei meu desvelo, meus melhores esforços

no sentido de conjurar a torpeza,

transformar a tristeza em beleza.

Bela por fora, podre por dentro.

A quem, por sorte, o velho coração relutou 

em se entregar. 

Sabedor, de outros carnavais, que rameiras não amam. 

Amam só o dinheiro.




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