UM MINUTO
Em um minuto faz-se um poema.
Impressentido, repentino, a elevar-se entre os mistérios
da realidade desfocada.
Urdido nas entranhas daquilo que não se consegue expressar.
Daí sua razão de ser.
Isento de blasfêmia.
Lambendo, se lambuzando de palavras lacanianas.
As pesadas asas tangenciando as incompreensões.
Roçando as raízes encravadas no peito.
Um minuto para que o silêncio se faça perene,
e o coração viciado em dissídios
renuncie a ilegível insipidez.
Um minuto e já não é amor.
E o poema já não é poema.
Negando aquilo que não cessa.
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