sábado, 1 de outubro de 2022



                   sempre o mesmo périplo




Vigilantes, olhos famintos nos espreitam.

Loucos, ladrões, pederastas, saindo de prédios,

de bueiros, 

circulando pelas ruas em bandos,

logo, multidões.

Ninguém mais sabe quem é quem.

No mundo dividido entre chefes e cativos,

ricos e pobres, 

os infatigáveis conflitos semeiam eternas

discórdias.

Viver é apenas um hábito de metamorfoses e desditas.

Ninguém é inocente até que se prove o contrário.

Tudo remonta à miséria humana.

De superar-se ou quedar-se

nas vagas da verdade ou da infâmia.

Maior que tudo são as coisas sem nome.

Um punhado de ossos.

O ruído da chuva no telhado de zinco.

As ruínas da tarde.

A luz que refulge no mar.

O vento que encrespa à noite.

O pacto com o acaso. 

Violência e ternura no mesmo gesto.

Ideias que velam quimeras.

Coisas que o amor traz e leva.

Defuntas crenças.

Gente, povo, gado.

Sempre o mesmo périplo. 








 



 

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