sexta-feira, 18 de novembro de 2022



                              almas carnívoras




 

É fácil amar o belo.

É natural se entregar aos arroubos da paixão.

Tudo é perfeito, enquanto não se vê os defeitos.

Não há encanto que não se desfaz com o tempo.

Não obstante o amor poder transmutar-se em mil formas,

cultivar os hábitos mais persuasivos,

insinuar-se em nossas artérias com sutis ou poderosos

argumentos.

Persuadir-nos com garras de veludo, rebites nos seios,

vagueando entre limo e frestas.

Ei-lo, pois, em sua plenitude. 

Devasso, perverso. Não dispensa tapa na cara,

sonhando o mesmo sonho que habita almas carnívoras.

Beijando outras bocas, desejando

outros corpos.

Do amor exigindo mais do que pode dar.

No flagelo se revelando.

O amor verdadeiro só se conhece quando acaba.








 

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