sábado, 18 de março de 2023




                        O LEGADO



Esse legado não te pertence, Hades.

Arquiteturas febris queimam no peito.

Rudes teclados da velha máquina onomatopaica 

burilam palavras.

A nódoa congênita exalta o sistema.

O papel aceita qualquer baboseira, como se sabe.

Mesmo que seja só um disfarce.

Todo cuidado com o nada é pouco.

Liberdade só no âmbito do permitido.

A memória em fúria, pira.

Filhos das ruas, vira-latas da madrugada silenciam.

Frágeis como passarinhos.

Mãos fúteis afagam toda esperança.

Recém-nascidos herdam o mundo corrompido.

Em que bocas se calam, sem saliva.











 

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