sábado, 4 de março de 2023



                           pelas bordas da vida




Como a vida pelas bordas.

Diante de mim, a miragem de tudo que é humano

agoniza em falso esplendor.

A complexidade das coisas jaz em lama e desalento,

à espera do impossível.


Reluto em envelhecer. Atado a fantasias 

como um velho fauno que perdeu o senso do ridículo.

As veias em chamas que já não incendeiam.

Em belos campos sem semeaduras, procuro compensações

para o que perdi.

Aos olhos de um viver obscuro, a alma desdenha o coração

como uma concha sem pérola.

Sob o portal da existência, emudeço. 

Os rastros já se apagam.

Contemplo o que fui

para ao menos saber 

ao que vim.









 

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