acalanto do homem só
O que pode um homem esperar
do que ora sorri, ora dá nojo,
alheio ao propósito
da vaporosa vez do possível ?
O fardo tardo decomposto
adivinha faces de morrer.
Noturno e confidente.
Ao som remoto de aleluias eternas.
O que pode um homem saber
das vilipendiadas verdades
em que todas as mentiras se parecem ?
Por ventura, amar, não sabendo a quem amar,
sequer conhecer,
seres loucos e dissimulados,
que nunca falam a mesma linguagem ?
O que pode salvá-lo da flor-mulher-Capitu,
de olhar oblíquo e dissimulado ?
O que pode um homem que não entende
as sutilezas dos cansaços e gestos filtrados
do grande e incorpóreo nada ?
Perseguindo e perseguido pelo conhecimento
que interroga a repartida orbe e maltrata a terra nua.
Sensações sem luz e caridade perseguem o
hermético lábio.
Consumido em clarões em susto, lumes de paixões
que ferem sem sonhar-se.
O que pode um homem fazer, ante o que
se esconde nas frinchas do tempo ?
Na polpa do ser, mil máscaras se dispersam
no sujo e esquecido repasto das coisas.
Ignoto, covarde como um desertor, não obstante,
irradiando surda sabedoria,
o que pode um homem só senão apegar-se
ao que não passa.
A morte que o procura.
Ao acalanto do desterro.
O cio, a vida, a poesia como
fiel companhia.
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