sangue fresco
Minhas lembranças são como vidas passadas.
Volto pelos caminhos a procura de mim, sem encontrar-me.
Em cada etapa da vida fui outro.
Sou o outro que sabe ter vivido de enganos.
Que traz consigo o pó das coisas findas.
O espectro das ilusões jamais confirmadas nem desfeitas,
poreja a existência sucateada.
Morri para as vidas que tive me evadindo dos afetos
mordentes,
que a tudo e a nada me levaram.
Renasço contra o mundo desfeito.
A sombra da sombra do homem que fui.
Surpreendentemente refeito das tantas vezes que me
assassinaram.
O sangue fresco de uma nova era - bendita ninfa ! -
referenda o novo sentir,
a vida reinventada sob novas condições.
Amar de novo, por que não ?
O céu das possibilidades já não é azul,
nem a alma límpida, mas a despeito de tudo,
alguma coisa em mim me obriga a continuar acreditando.
Uma força interior me protege dos desastres
cotidianos.
As vidas que vivi morreram sem pompa nem circunstância,
posto que esvaídas até a última gota.
O defunto amor morreu por mim.
Horrível dizer, mas foi melhor assim.
O que morre se torna melhor depois que morre.
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