sábado, 6 de maio de 2023



                 sem respostas



Amanhece.

Nada é o que parece. 

A vida reinventa seu exuberante inferno.

Reunindo e apartando.

Ferindo e curando.

Abrindo e fechando portas.

Articulando e desfazendo.

Recompondo-se sem  distinguir

o certo e o errado.

Alteando-se ao desumano convívio.

Transitando entre exílios e ardis sexuais.


O eflúvio das manhãs irrompem em meio

a embriões e eternas controvérsias.

Qual a receita para os dias mais ásperos ?

Qualquer tempo é tempo de nascer e de morrer.

Qualquer tempo é tempo de fazer valer a pena.

Qualquer tempo habita um tempo para viver

e que foi vivido.


Pequenas fugas, doenças ocultas, a vida desmorona

nos elementos que ignoramos.

O que passa decifra-se até as lindes do inconsciente.

O mundo de cada um deixa-se possuir pelo que degrada,

pelo amor que se vinga,

quando o disfarce já não serve,

quando as delícias punem,

e a vida dadivosa se desfaz.


Amanhece. Nada é o que parece ou pareceu.

Os males de nascença, os laços que consomem,

o amor que trai. 

A manhã engravida o dia de mortes sem morte.

Dia que se interroga e entardece sem respostas.

A vida distribui e recolhe.

É tudo que se pode saber.
















 

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