segunda-feira, 29 de maio de 2023




                   a fuga da fuga




Sempre há tempo, enquanto há tempo.

De aproveitar cada momento ( como se 

não houvesse amanhã ?) há tempo.

Antes que se perca a autonomia, há tempo.

Tempo para vivenciar o ofício e os dotes.

De cantar o prazer das coisas simples.

A luta leal e destemida.

A mágica das semeaduras.

As bençãos que consolam.

As palavras de quase amor.

As singraduras do perdão.

As cores da aurora.

O galo que perdeu a hora.

O castigo que não veio.

Os gestos que redimem.

O ganho inesperado.

O orgulho de quem não se curva à indignidade.

As contradições renovadas, em prol da lucidez. 

O enjoo da vida doentia.

A fuga da fuga.

A mocidade morta, porém nunca extinta.


Sempre há tempo para tudo.

Enquanto há tempo.

O último dia ninguém sabe.

O que não se ganha, apropria-se.














 

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