como se não houvesse amanhã
Amo-te como uma rosa caída.
Mulher em flor, despetala-se na fenda
do tempo escorregadio.
Nutre-se do abandono do tempo que foi,
que é, e não mais será,
enquanto a primavera orla na janela.
Amo-te, todavia, não obstante as aflições de ontem,
dos antigos dissabores.
Amo tua voz de musgo úmido,
o toque aveludado de teu corpo junto ao meu,
o desejo incontido que regressa de noite
como um animal ferido.
Tu és a rosa pendida, quase perdida,
amor recém-nascido nos ritos do presente.
Que me coube aceitar.
Dessa vez, como deve ser.
Como se não houvesse amanhã.
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