sábado, 29 de julho de 2023



                  só os loucos são felizes



                            tela de Rene Magritte


O tédio chega como pássaros mudos 

e perfumes esmaecidos.

Me vejo como um andarilho perdido na grande estrada

que alude ao fim de tudo.

Como um santo que já não reza.

Um sábio que se perdeu entre trevos e campânulas 

cambiantes.

Uma criança precocemente envelhecida.

Pois assim se faz a vida.

Tudo o que se sabe é o que ignoramos.

Entre a folia e o horror, vivemos para enterrar 

nossos mortos.

O compasso das perdas rege todas as canções do mundo.

Entre idas e vindas, forjamos nossos medos e solidões.

Magníficos atores da tragicomédia humana, só os loucos

são felizes.






 





  

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