quinta-feira, 17 de agosto de 2023



                           a fadiga da vida



Inocentes

Porque assim nasceram

Em graciosa desdita ou firme sortilégio

Talhados em imperfeitas etimologias

Sob o tribuno das conveniências

A violência harmônica do mundo engendra

pequenos apocalipses

A desrazão e o desespero demarcam a condição humana

O bem viver prescinde de referendos que sangram

O amor há que se armar

O tempo para tanto é escasso

Os corpos reivindicam a primazia das indecências

Vêm bater em longas fagulhas, exalando feéricos furores

Luzes de braseiros acossados por loucas ternuras

batem à porta em noites infelizes.

O frenesi dos sentimentos nunca está sozinho.

Planos destruídos, desejos corrompidos desovam queixumes

moribundos.

À força, as duas pontas do tempo retomam o cortejo

ancestral do recomeço.


"A vida se consome na fadiga sem saída" (O Homem Restolhado/

Gaston Miron)







 





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