a fadiga da vida
Inocentes
Porque assim nasceram
Em graciosa desdita ou firme sortilégio
Talhados em imperfeitas etimologias
Sob o tribuno das conveniências
A violência harmônica do mundo engendra
pequenos apocalipses
A desrazão e o desespero demarcam a condição humana
O bem viver prescinde de referendos que sangram
O amor há que se armar
O tempo para tanto é escasso
Os corpos reivindicam a primazia das indecências
Vêm bater em longas fagulhas, exalando feéricos furores
Luzes de braseiros acossados por loucas ternuras
batem à porta em noites infelizes.
O frenesi dos sentimentos nunca está sozinho.
Planos destruídos, desejos corrompidos desovam queixumes
moribundos.
À força, as duas pontas do tempo retomam o cortejo
ancestral do recomeço.
"A vida se consome na fadiga sem saída" (O Homem Restolhado/
Gaston Miron)
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