a vida de concreto
O concreto empareda o abstrato, congela os sentidos.
Paredes de concreto abraçam carências severinas.
A vida de concreto come a fome.
Deixa-se habitar em cova grande.
Predisposta às litanias infames, em ventres lascivos.
Algoz de silenciosos martírios.
O gozo das orgias manufaturadas vagam no tempo gelado.
Ríctus de medo se cumprem com vagar, sob arquiteturas
que se fundem.
Com vagar, Deus e o mundo conjecturam cláusulas
humilhantes.
O dissolver de brasões suga a memória espandongada
de revolta.
O concreto cala o silêncio, nutre o amor com coreografias
obscenas.
Os fatos calam-se em minuciosas certezas.
Para continuar, é preciso conhecer o caminho que conduz
às altas torres de inumeráveis fábulas.
Calam-se as certezas, as palavras ferinas e duras.
Luzes obscuras se multiplicam.
Exéquias cobrem a nudez do amor.
Paredes de concreto bebem o fel entre cantos e ascos.
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