sábado, 19 de agosto de 2023



                 a vida de concreto



O concreto empareda o abstrato, congela os sentidos.

Paredes de concreto abraçam carências severinas.

A vida de concreto come a fome.

Deixa-se habitar em cova grande.

Predisposta às litanias infames, em ventres lascivos. 

Algoz de silenciosos martírios.

O gozo das orgias manufaturadas vagam no tempo gelado.

Ríctus de medo se cumprem com vagar, sob arquiteturas 

que se fundem.

Com vagar, Deus e o mundo conjecturam cláusulas 

humilhantes.

O dissolver de brasões suga a memória espandongada

de revolta.

O concreto cala o silêncio, nutre o amor com coreografias 

obscenas.

Os fatos calam-se em minuciosas certezas.

Para continuar, é preciso conhecer o caminho que conduz

às altas torres de inumeráveis fábulas.

Calam-se as certezas, as palavras ferinas e duras.

Luzes obscuras se multiplicam.

Exéquias cobrem a nudez do amor.

Paredes de concreto bebem o fel entre cantos e ascos. 







  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

                                       não acredite                         quando digo                        que te amo Não acredite quand...