dupla realidade
Há uma realidade paralela que nos passa despercebida.
Nela transitam os sentimentos alheios.
Feita das aleivosias que os outros, veladamente,
formulam sobre nós.
Forjando um outro eu que nem suspeitamos.
Do qual desdenha até quem mais amamos.
Pense, não se deixe enganar pela realidade aparente.
Pouco ou quase nada corresponde àquilo que aparenta.
O gesto amigo facilmente se reverte em hostilidade.
Os laços afetivos embutem armadilhas.
Geralmente se desfazem quando contrariados.
A realidade nada mais é que a projeção de nossas
crenças e expectativas.
No encontro de nós mesmos, o descobrimento
retardado pela força de ver é sempre adiado.
Não tarda que todas as batalhas sejam perdidas.
Sucumbem à realidade que não vemos, feita de mentiras,
traições, maledicências.
Nas experiências que se multiplicam, os desiludidos
seguem iludidos, os mal-amados seguem amando,
até que o tempo depure as coisas.
E os olhos já não chorem quando o amor
resultar inútil.
Para renascer, quem sabe, numa vida
sem mistificações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário